Para a sessão de hoje levámos uma discussão que teve início no Facebook. Foi encontrada uma tribo nas profundezas da selva amazónica que, até hoje, nunca teve qualquer contacto com a civilização ocidental (ver vídeo). A questão que deu início à sessão foi: "Devemos contactá-los?"
Mais uma vez a nossa amiga Chantal teve a amabilidade de estar presente. O que se segue é um relato muito fiel das muitas posições a favor (Sim) ou contra (Não) esse contacto.
Quem não pode estar presente perdeu uma grande sessão, de alguma forma irrepetível. Mas está convidado a deixar a sua opinião (argumentada) nos comentários a este post.
Notas de Chantal G. do 65º Café Filosófico
Estamos mais acostumados a olhar para o lado...
Esta tarde, o tecto do CLP puxou-nos, com a força de um íman, até si e rumo à selva amazónica. A projecção, aparentemente silenciosa, carregava o vibrar de uma avioneta.
Vvvruuummmsss sobre uma tribo.
Depois de 3 minutos, recolhem-se pescoços sobre si.
Fica a pergunta no ar: devemos contactar ou não esta tribo?
Sim, porque sempre o fizemos. Mas corrigindo erros anteriores (Jorge);
Não, porque se tratam de dois povos com graus de desenvolvimento completamente diferentes. A cultura da tribo poderia ser posta em causa (Rui)
Sim, porque o contacto faz parte da natureza humana (Hugo);
Sim, porque a passagem da avioneta (acidente) tornou o contacto inevitável. Deveria tentar-se «remendar» o contacto, identificando os elementos que estão em jogo (Augusto);
Sim, porque se consegue civilizar um povo, como aconteceu com o Japão (Maria Antónia);
Não, porque a nossa civilização pode não ser melhor que a da tribo (Joana);
Sim, porque a própria ligação já é boa (Hugo);
Não, porque vai haver um choque entre duas culturas, podendo perder-se a cultura da tribo--- Meio termo, através de um contacto mais pedagógico --- Sim, posição final do Rafael;
Não, porque é bom que ainda existam civilizações puras como as das tribos, que estão perto do paraíso e da Natureza (Cristina);
Eu não tenho o dever de contactar (Luís). Nota: o «devemos» não foi entendido como uma obrigação pelos presentes.
Sim, porque existem direitos que se aplicam a todos os seres humanos e que devem ser assegurados (Tiago);Nota: exemplo de um pressuposto referido: atentar contra a vida de uma criança.
Não, porque a tribo tem a sua própria organização (Cláudia);
Sim, como forma de nos redimirmos dos nossos erros anteriores (Júlia);
Não, porque não ouviu nenhum argumento válido para justificar o nosso contacto (Guilherme);
Sim, porque a tribo deve ter o poder de escolha: se pretendem ou não continuar com aquela vida (Isabel);
Sim, porque me apetece ir lá e conhece-los. Partilha de experiências da minha civilização;
Sim, porque os resultados seriam benéficos para ambas as partes (Hugo);
Não, porque não posso afirmar que o contacto seja sempre positivo (Luís);
Não, porque colocamos em causa a integridade cultural daquele povo (Rui);
Sim, sem radicalismos, porque no passado existiram esses contactos entre civilizações (Tiago);
Não, porque se trata de uma imposição (Chantal);
Não, porque devemos preservar aquele ecossistema (Paulo);
Não, porque podemos contagiar as tribos com as nossas doenças (Maria)
Não, porque sendo uma lei sujeita ao tempo e ao espaço ela não é absoluta. Noção de relatividade moral (Joana);
Sim, porque sou a favor do direito à vida (Lurdes);
Sim, porque sou contra o relativismo referido pela Joana (Júlia);
Não, porque assumir que se deve espiar a tribo é contrário aos princípios éticos (Paulo);
Sim, porque sempre o fizemos. Mas corrigindo erros anteriores (Jorge);
Não, porque se tratam de dois povos com graus de desenvolvimento completamente diferentes. A cultura da tribo poderia ser posta em causa (Rui)
Sim, porque o contacto faz parte da natureza humana (Hugo);
Sim, porque a passagem da avioneta (acidente) tornou o contacto inevitável. Deveria tentar-se «remendar» o contacto, identificando os elementos que estão em jogo (Augusto);
Sim, porque se consegue civilizar um povo, como aconteceu com o Japão (Maria Antónia);
Não, porque a nossa civilização pode não ser melhor que a da tribo (Joana);
Sim, porque a própria ligação já é boa (Hugo);
Não, porque vai haver um choque entre duas culturas, podendo perder-se a cultura da tribo--- Meio termo, através de um contacto mais pedagógico --- Sim, posição final do Rafael;
Não, porque é bom que ainda existam civilizações puras como as das tribos, que estão perto do paraíso e da Natureza (Cristina);
Eu não tenho o dever de contactar (Luís). Nota: o «devemos» não foi entendido como uma obrigação pelos presentes.
Sim, porque existem direitos que se aplicam a todos os seres humanos e que devem ser assegurados (Tiago);Nota: exemplo de um pressuposto referido: atentar contra a vida de uma criança.
Não, porque a tribo tem a sua própria organização (Cláudia);
Sim, como forma de nos redimirmos dos nossos erros anteriores (Júlia);
Não, porque não ouviu nenhum argumento válido para justificar o nosso contacto (Guilherme);
Sim, porque a tribo deve ter o poder de escolha: se pretendem ou não continuar com aquela vida (Isabel);
Sim, porque me apetece ir lá e conhece-los. Partilha de experiências da minha civilização;
Sim, porque os resultados seriam benéficos para ambas as partes (Hugo);
Não, porque não posso afirmar que o contacto seja sempre positivo (Luís);
Não, porque colocamos em causa a integridade cultural daquele povo (Rui);
Sim, sem radicalismos, porque no passado existiram esses contactos entre civilizações (Tiago);
Não, porque se trata de uma imposição (Chantal);
Não, porque devemos preservar aquele ecossistema (Paulo);
Não, porque podemos contagiar as tribos com as nossas doenças (Maria)
Não, porque sendo uma lei sujeita ao tempo e ao espaço ela não é absoluta. Noção de relatividade moral (Joana);
Sim, porque sou a favor do direito à vida (Lurdes);
Sim, porque sou contra o relativismo referido pela Joana (Júlia);
Não, porque assumir que se deve espiar a tribo é contrário aos princípios éticos (Paulo);
Problematizações mais gerais:
[nota - com estas perguntas procurou-se encontrar e problematizar alguns dos pressupostos presentes nas argumentações avançadas pelos participantes deste Café Filosófico.]
O que é mais importante: ética ou cultura? (Tiago);
Existem homens mais importantes que outros? (Guilherme);
O que é a moral? (Rui);
Se nos devemos ou não conhecer? (Hugo);
Onde está o limite dos seres humanos? (Cláudia);
Como é que se mede o grau de evolução ética de uma cultura? (Henrique);
Qual é a essência do ser humano? (Lurdes);
Preferimos a verdade ou a liberdade? (Joana);
Devemos ignorar a verdade? (Guilherme);
Devemos ou não preservar os ecossistemas que ainda existem? (Paulo).
O que é mais importante: ética ou cultura? (Tiago);
Existem homens mais importantes que outros? (Guilherme);
O que é a moral? (Rui);
Se nos devemos ou não conhecer? (Hugo);
Onde está o limite dos seres humanos? (Cláudia);
Como é que se mede o grau de evolução ética de uma cultura? (Henrique);
Qual é a essência do ser humano? (Lurdes);
Preferimos a verdade ou a liberdade? (Joana);
Devemos ignorar a verdade? (Guilherme);
Devemos ou não preservar os ecossistemas que ainda existem? (Paulo).
Síntese:
Para falarmos acerca dos outros, falamos muito sobre nós próprios (Rui).
Vvvrrruuummmsss à parte... a tribo está afinal dentro ou fora da avioneta?
Chantal G.
Mais uma vez obrigado a todos por mais um momento de diálogo bem educado e de reflexão profunda.
Até à próxima,
Tomás
1 comentário:
Penso que a partir do momento em que a avioneta foi avistada pela tribo, esse contacto já aconteceu. Acredito que ambas as culturas podem co-existir respeitando as suas diferenças e mantendo-se fieis às suas tradições e rituais. A partilha de conhecimentos e experiências é possivel e seria benéfico para ambos. Não vejo o contacto como uma forma de corromper aquele núcleo mas antes uma forma de crescimento e aprendizagem mútua.
Joana Barbosa.
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