quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Nietzsche, a Filosofia e a Vida

 Para pensar é necessária uma técnica, um plano de estudo, uma vontade de mestria - (...) o pensar deve ser aprendido, tal como a dança deve ser aprendida, como uma espécie de dança.


Há cerca de um mês moderei um Café Filosófico na cadeia de Paços de Ferreira. Entre os reclusos que participaram (cerca de 20) três disseram-me que já tinham estudado filosofia, um deles até tinha sido meu colega na FLUP e agora cumpria uma pena pesada.

No fim fiquei a falar um pouco com ele e com outros presos. Disse-me, um pouco atabalhoadamente que estava ali devido a umas "más leituras de Nietzsche" (cit.) que fez na juventude e umas más escolhas que essas leituras influenciaram.

Perguntei-lhe se se arrependeu de ler Nietzsche e se na altura soubesse o que sabe hoje evitaria ler essas obras. Disse-me que não pois essas leituras fizeram dele uma grande parte do que é hoje.

A mim também foi Nietzsche quem, em parte, me levou à filosofia e, já agora, à cadeia de Paços de Ferreira. Ainda hoje procuro seguir alguns dos seus ensinamentos na minha prática filosófica.

A sua ideia radical da necessidade de uma "transvalorização dos valores" é um exercício que procuro pôr em prática muitas vezes com os meus alunos (aqui, por exemplo) e é, a meu ver, sinónimo de pensar e fazer filosofia. Uma exelente forma de "desdogmatizar" as nossas ideias, os nossos Ídolos como diria Nietzsche.


- Texto publicado no Blog da Revista Crítica

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Tomás Carneiro,
As melhores saudações!

Parabéns pelo seu trabalho, pela sua dedicação à "Ética" de que se reveste e configura a própria Filosofia!
É um exemplo a seguir...

Um Santo Natal e um Bom 2011,
Bem haja,
Manuel José Flores de Carvalho

Tomás Magalhães Carneiro disse...

Olá Manuel,

obrigado pelas suas simpáticas palavras.
Quando o vejo de novo num Café Filosófico?

abraço e bom 2011!