segunda-feira, 28 de junho de 2010

40º CAFÉ FILOSÓFICO _O SENTIDO DA VIDA

















Foto: José Rui Moreira Correia

Esta sessão começou com uma muito breve descrição do Mito de Sísifo que suscitou as seguintes perguntas:

1- Pode a vida fazer sentido? (Tomás)

2 - A vida precisa de um sentido? (Jorge)

3 - O que é preciso para a vida fazer sentido? (José Rui)

4 - Pode o sentido da vida parecer sem sentido? (Paulo)

Procuramos depois os conceitos centrais existentes em cada uma das perguntas de modo a vermos se alguma(s) poderia(m) ser englobada(s) noutra(s):

1 – Fazer

2 – Precisar

3 – Precisar

4 – Parecer

A Joana analisou as perguntas 2 e 3 tendo referida que a 2 era mais objectiva que a 3 que considerou mais subjectiva. Por sugestão da Joana o grupo decidiu eliminar a pergunta 2.

A Maria relacionou depois as perguntas 1 e 4. Considerou a 1 mais geral e a 4 mais específica. Eliminou-se assim a pergunta 4.

Finalmente, relacionamos a pergunta 1 e a 3.

Por votação, o grupo optou por manter as duas questões mas começar pelo aprofundamento da 1.

Pergunta 1: “Pode a vida fazer sentido?”

A primeira resposta foi a do Jorge:

Argumento 1: “Sim, porque há um uso para todas as formas de vida.”

Chantal referiu a necessidade de se clarificar o conceito de «sentido», considerando existir um «sentido de ordem mais funcional», da ordem do biológico e do físico (resposta do Jorge «uso») e um «sentido de ordem mais espiritual». Chegou-se ao termo «espiritual» com a contribuição da Teresa.

O grupo procurou clarificar o conceito de «uso» utilizado na resposta do Jorge, tendo alterado o mesmo para «uso universal».

A segunda resposta à pergunta 1 veio do Paulo na forma de uma crítica à pergunta:

Argumento 2: “A pergunta não faz sentido porque sobrepõe dois planos distintos: ser (vida) / dever (sentido).”

Tiago refutou este argumento: “há pelo menos um ser humano para o qual esta pergunta faz sentido. Além disso, com o ser humano há de facto sobreposição desses dois planos.”

O Paulo referiu então a existência de uma dualidade «física e metafísica» que tornava a pergunta ambígua.

Da votação realizada apenas o Paulo votou que a pergunta 1 não fazia sentido pelo que a mesma manteve-se.

A terceira resposta foi também dada pelo Paulo:

Argumento 3: “Sim, pois a vida faz sentido para grande parte das tradições humanas.”

Este argumento foi refutado pela Maria que avançou ainda com uma quarta resposta:

Argumento 4: “Sim, porque há relação entre tudo.”

O Tiago Sousa refutou este argumento referindo que o «sentido» é uma forma de conceptualizarmos as coisas. A relação é um fenómeno/acontecimento. Assim, haver uma relação não é uma condição suficiente para haver sentido. É preciso algo mais.

O próprio Tiago Sousa,depois de refutar o argumento da Maria avançou ainda com um novo argumento, o único argumento Pessimista quanto ao sentido da vida, ou como o Tiago lhe preferiu chamar, o único argumento Negativista.

Argumento 5: “Não, porque somos (demasiado) limitados para abarcar tudo o que se relaciona connosco.”

Tiago M. e Sónia não conseguiram entender este argumento pois não percebiam de que forma respondia à pergunta inicial. O Tiago Sousa procurou esclarecer e explicar melhor a sua posição mas sem sucesso.

Chantal refutou o argumento do Tiago Sousa referindo que apesar das suas limitações, ela própria consegue atribuir um sentido à sua vida. Chantal apresentou assim um contra exemplo (o seu próprio exemplo) à generalização do Tiago.

O Zé Rui também refutou este argumento referindo que nem todos somos limitados.

Jorge finalizou a discussão com a seguinte pergunta: “em qualquer forma de vida posso encontrar um sentido?”

O grupo encontrou depois os conceitos que caracterizavam cada uma das respostas anteriores procurando enquandrá-los numa “família conceptual”.

Argumento 1: funcionalismo universal;

Argumento 3: experencialismo;

Argumento 4: relacionismo;

Argumento 5: limitativismo.

No final, cada participante apresentou uma resposta para a pergunta 3, inicialmente formulada:

“O que é preciso para a vida fazer sentido?”

1 - “Haver um objectivo” (Zé Rui);

2 - “É vivê-la.” (Jorge);

3 - “Consciência própria.” (Tiago);

4 - “Definir uma percepção.” (Eduardo);

5 - “Estabelecer relações.” (Sónia);

6 - “Não sermos limitados.” (Chantal);

7 - “Coerência entre o que se sente e o que se faz.” (Teresa);

8 - “Nada.” (Tiago);

9 - “Consciência crítica.” (Sérgio);

10 - “Significados.” (Maria);

11 - “Dar-lhe um sentido.” (Joana);

12 - “Receber o ordenado ao fim do mês.” (Paulo).


Agradeço à Chantal a gentileza de, mais uma vez, me enviar as suas notas das sessões.

Nota: Em Julho e Agosto o Café Filosófico vai para férias.
Voltamos a ver-nos em Setembro. Até lá!

Uma muito boa antologia de textos sobre o sentido da vida aqui

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