domingo, 11 de abril de 2010

Diálogo Socrático - Segurança e Liberdade

FORMAÇÃO EM FILOSOFIA PRÁTICA E PENSAMENTO CRÍTICO (FLUP - 1ª edição)

1ª Sessão de Diálogo Socrático


A sessão de hoje é a 1ª das 3 que serão dedicadas ao diálogo socrático, um método de discussão iniciado e desenvolvido por dois pensadores alemães, Leonard Nelson e Gustav Heckman.
Seguiremos os 4 passos do diálogo socrático:


1. Encontar um tema/pergunta;

2. Encontar, no grupo, experiências pessoais relacionadas com a pergunta;

3. Analisar em grupo essa experiência (dissecá-la, questionando o autor);

4. Realizar abstracção regressiva.


1. Regressemos aos temas da sessão anterior: segurança e liberdade.

Pergunta para o Diálogo Socrático:
- Quando é que a segurança limita a liberdade?


2. Partilhemos um exemplo ilustrativo da segurança e da liberdade (real e não demasiado próximo ou emotivo).


Escolheu-se o exemplo do Jorge, ficando em 2º lugar o do Hélder.



Jorge - Por desafio fiz sozinho o Caminho de Santiago com 120 € no bolso.


Arrisquei atravessar zonas de floresta acreditando conseguir atravessá-la de dia.


A meio da floresta, com o escurecer, deixei de ver as setas orientadoras (condições externas), tive
medo (sentimento) e resolvi seguir a estrada mais segura (decisão/escolha).


3. Analisemos o episódio.


1. Conteúdo

Ansiedade/medo

Sentimento/emoção

Escolha aleatória/arbitrária

As nossas decisões são nossas? (Manuel)

O grupo escolheu a decisão/escolha.



4. Formulação de uma resposta à pergunta inicial.

- Quando é que a segurança limita a liberdade?


- A segurança limita a liberdade quando decidimos escolher o melhor para nós.


O exercício continua na próxima sessão.



FORMAÇÃO EM FILOSOFIA PRÁTICA E PENSAMENTO CRÍTICO (FLUP - 1ª edição)

2ª Sessão de Diálogo Socrático


Retomando a sessão anterior:


Pergunta inicial - Quando é que a segurança limita a liberdade?


Heckman considera os seguintes passos de/para um diálogo socrático:

1. Partir do concreto e regressar ao concreto

2. Compreensão mútua

3. Persistência (resistência intelectual)

4. Procurar consensos*


*Para Nelson o consenso corresponde à verdade; para Heckman, o que importa é a procura - como processo - do consenso.

Análise de todas as respostas e escolha das que melhor respondem à questão:


1. A segurança limita a liberdade quando, em situação, resolvemos diminuir o risco. (Paulo)

2. A segurança limita a liberdade quando tomamos a decisão de não fazer algo que queríamos fazer. (Conceição)

3. A segurança limita a liberdade quando as minhas expectativas condicionam os meus actos. (Hélder)
4. A segurança limita a liberdade quando a nossa integridade fica em risco. (Luísa)


5. A segurança limita a liberdade quando a nossa escolha contraria a nossa vontade por uma questão de segurança. (Graça)
6. A segurança limita a liberdade quando tomamos decisões conscientes. (Manuel)

Elenquemos elementos encontrados nas várias questões que sejam importantes para responder à pergunta inicial:


- vontade/escolha

- racionalidade/emotividade

- integridade/risco

- expectativas

- desconhecido

- auto-limitação

nota: ressalva-se que a introdução de hipotéticos deve surgir apenas no fim da discussão, após os argumentos estarem totalmente esgotados.

Elaboremos em grupo uma resposta mais informada:

A segurança limita a liberdade quando escolho eliminar o risco. (Grupo)


Proposta de uma nova resposta:
A segurança limita a liberdade quando, por motivos racionais e/ou emocionais, escolho auto-limitar-me ou sou limitada pelas minhas expectativas, por medo do desconhecido, ou pelo risco que a realização do acto envolveria para a minha integridade. (Conceição)

Analisemos e clarifiquemos a resposta da Conceição:
1ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando escolho auto-limitar-me ou sou limitada pelas minhas expectativas, por medo do desconhecido, ou pelo risco que a realização do acto envolveria para a minha integridade. (Luísa)
2ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando escolho em função das minhas expectativas, por medo do desconhecido, ou pelo risco que a realização do acto envolveria para a minha integridade. (Paulo)

3ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando escolho auto-limitar-me em função do risco que a realização do acto envolveria para a minha integridade. (Fátima)

4ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando escolho auto-limitar-me em função do risco para a minha integridade. (Graça)

5ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando escolho limitar o risco para a minha integridade. (Sofia)

6ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando limito as minhas escolhas. (Conceição vs Susana)



Proposta de uma nova resposta:

A segurança limita a liberdade quando a nossa vontade põe em risco a nossa integridade e optamos por contrariá-la. (Graça)

1ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando a vontade põe em risco a integridade e escolhemos contrariá-la. (Fátima)

2ª Clarificação:

A segurança limita a liberdade quando a integridade se sobrepõe à vontade. (Paulo)

3ª Clarificação:

A segurança limita a liberdade quando a segurança se sobrepõe à vontade. (Paulo)

Na sessão de amanhã deve escolher-se entre as seguintes:



A segurança limita a liberdade quando a vontade põe em risco a integridade e escolhemos contrariá-la. (Graça)

e
A segurança limita a liberdade quando a integridade se sobrepõe à vontade. (Graça)



FORMAÇÃO EM FILOSOFIA PRÁTICA E PENSAMENTO CRÍTICO (FLUP - 1ª edição)

2ª Sessão de Diálogo Socrático

Na sessão de hoje vamos escolher entre as seguintes respostas:


- A segurança limita a liberdade quando a vontade põe em risco a integridade e escolhemos contrariá-la. (Graça)



- A segurança limita a liberdade quando a integridade se sobrepõe à vontade. (Paulo)


Resposta escolhida pelo grupo:

- A segurança limita a liberdade quando escolhemos que a integridade se sobreponha à vontade.


Notas Finais:

Para finalizar, pediram-se opiniões aos presentes sobre a possível aplicação do diálogo socrático em contexto de sala de aula.


Considerou-se que é possível (e desejável), mas que há entraves:

- a extensão dos programas curriculares

- a necessidade de cumprir os programas curriculares

- o elevado nº de alunos por turma

- a questão comportamental/atitudinal dos alunos

- limitações humanas

- compreensão dos órgãos directivos das escolas

Sugestão: criação de um “clube do raciocínio” para os alunos interessados em aprofundar questões filosóficas

Nota Final: agradeço à Sofia Pombo a cedência destas notas tiradas durante as sessões da Acção de Formação

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1 comentário:

Anónimo disse...

Tudo serve para ganhar dinheiro à custa dos papás dos mais novos com delírios "folosóficos"...Uma carneirada para folósofos anal(íticos) de algibeira.