FORMAÇÃO EM FILOSOFIA PRÁTICA E PENSAMENTO CRÍTICO (FLUP - 1ª edição)
1ª Sessão de Diálogo Socrático
A sessão de hoje é a 1ª das 3 que serão dedicadas ao diálogo socrático, um método de discussão iniciado e desenvolvido por dois pensadores alemães, Leonard Nelson e Gustav Heckman.
Seguiremos os 4 passos do diálogo socrático:
1. Encontar um tema/pergunta;
2. Encontar, no grupo, experiências pessoais relacionadas com a pergunta;
3. Analisar em grupo essa experiência (dissecá-la, questionando o autor);
4. Realizar abstracção regressiva.
1. Regressemos aos temas da sessão anterior: segurança e liberdade.
Pergunta para o Diálogo Socrático:
- Quando é que a segurança limita a liberdade?
2. Partilhemos um exemplo ilustrativo da segurança e da liberdade (real e não demasiado próximo ou emotivo).
Escolheu-se o exemplo do Jorge, ficando em 2º lugar o do Hélder.
Jorge - Por desafio fiz sozinho o Caminho de Santiago com 120 € no bolso.
Arrisquei atravessar zonas de floresta acreditando conseguir atravessá-la de dia.
A meio da floresta, com o escurecer, deixei de ver as setas orientadoras (condições externas), tive
medo (sentimento) e resolvi seguir a estrada mais segura (decisão/escolha).
3. Analisemos o episódio.
1. Conteúdo
Ansiedade/medo
Sentimento/emoção
Escolha aleatória/arbitrária
As nossas decisões são nossas? (Manuel)
O grupo escolheu a decisão/escolha.
4. Formulação de uma resposta à pergunta inicial.
- Quando é que a segurança limita a liberdade?
- A segurança limita a liberdade quando decidimos escolher o melhor para nós.
O exercício continua na próxima sessão.
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2ª Sessão de Diálogo Socrático
Retomando a sessão anterior:
Pergunta inicial - Quando é que a segurança limita a liberdade?
Heckman considera os seguintes passos de/para um diálogo socrático:
1. Partir do concreto e regressar ao concreto
2. Compreensão mútua
3. Persistência (resistência intelectual)
4. Procurar consensos*
*Para Nelson o consenso corresponde à verdade; para Heckman, o que importa é a procura - como processo - do consenso.
Análise de todas as respostas e escolha das que melhor respondem à questão:
1. A segurança limita a liberdade quando, em situação, resolvemos diminuir o risco. (Paulo)
2. A segurança limita a liberdade quando tomamos a decisão de não fazer algo que queríamos fazer. (Conceição)
3. A segurança limita a liberdade quando as minhas expectativas condicionam os meus actos. (Hélder)
4. A segurança limita a liberdade quando a nossa integridade fica em risco. (Luísa)
5. A segurança limita a liberdade quando a nossa escolha contraria a nossa vontade por uma questão de segurança. (Graça)
6. A segurança limita a liberdade quando tomamos decisões conscientes. (Manuel)
Elenquemos elementos encontrados nas várias questões que sejam importantes para responder à pergunta inicial:
- vontade/escolha
- racionalidade/emotividade
- integridade/risco
- expectativas
- desconhecido
- auto-limitação
nota: ressalva-se que a introdução de hipotéticos deve surgir apenas no fim da discussão, após os argumentos estarem totalmente esgotados.
Elaboremos em grupo uma resposta mais informada:
A segurança limita a liberdade quando escolho eliminar o risco. (Grupo)
Proposta de uma nova resposta:
A segurança limita a liberdade quando, por motivos racionais e/ou emocionais, escolho auto-limitar-me ou sou limitada pelas minhas expectativas, por medo do desconhecido, ou pelo risco que a realização do acto envolveria para a minha integridade. (Conceição)
Analisemos e clarifiquemos a resposta da Conceição:
1ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando escolho auto-limitar-me ou sou limitada pelas minhas expectativas, por medo do desconhecido, ou pelo risco que a realização do acto envolveria para a minha integridade. (Luísa)
2ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando escolho em função das minhas expectativas, por medo do desconhecido, ou pelo risco que a realização do acto envolveria para a minha integridade. (Paulo)
3ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando escolho auto-limitar-me em função do risco que a realização do acto envolveria para a minha integridade. (Fátima)
4ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando escolho auto-limitar-me em função do risco para a minha integridade. (Graça)
5ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando escolho limitar o risco para a minha integridade. (Sofia)
6ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando limito as minhas escolhas. (Conceição vs Susana)
Proposta de uma nova resposta:
A segurança limita a liberdade quando a nossa vontade põe em risco a nossa integridade e optamos por contrariá-la. (Graça)
1ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando a vontade põe em risco a integridade e escolhemos contrariá-la. (Fátima)
2ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando a integridade se sobrepõe à vontade. (Paulo)
3ª Clarificação:
A segurança limita a liberdade quando a segurança se sobrepõe à vontade. (Paulo)
Na sessão de amanhã deve escolher-se entre as seguintes:
A segurança limita a liberdade quando a vontade põe em risco a integridade e escolhemos contrariá-la. (Graça)
e
A segurança limita a liberdade quando a integridade se sobrepõe à vontade. (Graça)
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2ª Sessão de Diálogo Socrático
Na sessão de hoje vamos escolher entre as seguintes respostas:
- A segurança limita a liberdade quando a vontade põe em risco a integridade e escolhemos contrariá-la. (Graça)
- A segurança limita a liberdade quando a integridade se sobrepõe à vontade. (Paulo)
Resposta escolhida pelo grupo:
- A segurança limita a liberdade quando escolhemos que a integridade se sobreponha à vontade.
Notas Finais:
Para finalizar, pediram-se opiniões aos presentes sobre a possível aplicação do diálogo socrático em contexto de sala de aula.
Considerou-se que é possível (e desejável), mas que há entraves:
- a extensão dos programas curriculares
- a necessidade de cumprir os programas curriculares
- o elevado nº de alunos por turma
- a questão comportamental/atitudinal dos alunos
- limitações humanas
- compreensão dos órgãos directivos das escolas
Sugestão: criação de um “clube do raciocínio” para os alunos interessados em aprofundar questões filosóficas
Nota Final: agradeço à Sofia Pombo a cedência destas notas tiradas durante as sessões da Acção de Formação
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domingo, 11 de abril de 2010
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1 comentário:
Tudo serve para ganhar dinheiro à custa dos papás dos mais novos com delírios "folosóficos"...Uma carneirada para folósofos anal(íticos) de algibeira.
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