Este Café Filosófico (em dia de cheias no Rio Douro - 28 de Fevereiro de 2010) foi sobretudo um exercício de "pensar fora do quadrado", ou seja, procurou-se durante esta sessão deixar para trás os nossos quadros conceptuais habituais (a que a vida quotidiano nos obriga). Na senda do que Nietzsche apelidou de "transvalorização dos valores" (ou de conceitos) o que se pretendeu neste Café Filosófico foi exercitar e experimentar uma certa ginástica conceptual, no sentido de se perceber os diversos sentidos e significados de um conceito, assim como relativizar ou aligeirar um pouco a rigidez com que muitas vezes valorizamos determinados conceitos. "Pensar o impensável" ajuda-nos a ver o contexto dos nossos argumentos e asserções e a perceber que as críticas que nos fazem e que fazemos aos argumentos e asserções dos outros muitas vezes "falham o alvo", isto é, não estão na mesma contexto ou categoria do pensamento.
nota: Compreender os conceitos (ou as categorias de pensamento) que contextualizam um argumento, tais como empírico, epistemológico, lógico, subjectivo, paradoxal, etc., ao mesmo tempo que nos ajudam a perceber do que se está a falar, pode resolver muitos problemas (ou imbróglios) filosóficos.
O que há de bom neste exercício?
a) - Obriga-nos a pensar como não estamos habituados a pensar;
b) - Obriga-nos a pensar o oposto do que estamos habituados a pensar;
c) - faz-nos pensar sobre a forma como pensamos (e não sobre o conteúdo dos nossos pensamentos).
Síntese
A problematização é uma ferramenta específica da filosofia. Com esta exercício, "Pensar o impensável" procuramos tirar o pensamento do seu caminho comum.
"Pensar o Impensável" (descrição do exercício):
1 - Começou-se por pedir aos participantes que expressassem um juízo que, na sua opinião, não pudesse ser problematizado (posto em causa) para, em seguida
2 - Se encontrar o conceito que melhor caracterizasse cada um desses juízos (exercício de conceptualização/categorização):
Algumas das Frases Propostas:
"Hoje choveu no Porto." (Graça). Categoria - Juízo Empírico
"Este piano é um instrumento musical." (Daniel) - Juízo Lógico
"Penso Logo Existo." (João Carlos) - Juízo Lógico
"Eu sou portuguesa." (Mª Manuel) - Juízo Empírico
3 - Escolheu-se o juízo do João Carlos/Descartes, "Penso Logo Existo" e, em seguida, pediu-se aos participantes que o problematizassem, isto é, que o pusessem em questão ou que o refutassem. De seguida procurou-se, de novo, encontrar o conceito/categoria que melhor enquandrasse esta tentativa de problematização.
i) "Esse juízo não é verdade para todos os casos. É possível existir sem pensar." (Rui) - Juízo Empírico
ii) "Não é um juízo informativo. É redundante." (Mª Manuel) - Juízo Lógico
iii) "O que quer dizer com essa posição?" (Vítor) - [Pergunta pela] Pertinência
iv) "Posso pensar sem existir?" (Lina) - [Pergunta] Lógica / Empírica / Subjectiva (?)
v) "Pensar implica existir?" (Tiago) - [Pergunta] Lógica
- Discussão em torno das diferenças (ou semelhanças) de sentido entre a pergunta iv) e v).
O Luís avançou a ideia de que a iv apresenta uma possibilidade e a v) uma necessidade, sendo que o conceito para caracterizar iv) deveria ser Empiríco e para a v) Lógico. Esta sugestão não foi aceite pelo grupo.
Vídeo da Sessão aqui
domingo, 28 de fevereiro de 2010
27º Café Filosófico - "Pensar o impensável"
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