terça-feira, 31 de maio de 2011

A Beleza_Cafés Filosóficos 78 e 80





Nos Cafés Filosóficos números 78 e 80 (19 e 29 de Maio) ocupamos o nosso tempo a reflectir sobre a Beleza (com uma incursão na Justiça no 79º Café Filosófico).
Num primeiro momento (78º Café Filosófico) investigámos as ligações entre o Belo e o Bom e num segundo momento procuramos diferentes sentidos para o conceito de Beleza a partir da análise da Beleza em duas pinturas bastante distintas: "O Nascimento de Vénus" de Botticelli e "A Bisbilhoteira" (cabeça de velha) de Maria Amélia Carneiro.

Mais uma vez a dupla Chantal e José Rui presenteiam este blog com as suas fotografias e notas da sessão.
Para eles, mais uma vez, o meu obrigado.

Até à próxima,


Tomás




Notas dos Cafés Filosóficos sobre a Beleza, por Chantal G.

«Espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais belo do que eu?» perguntava a imagem reflectida.
Enquanto desfilavam pixeis de respostas, a Branca de Neve deixou-se adormecer.

78º CAFÉ FILOSÓFICO | 19 DE MAIO | CASA BARBOT- CASA DA CULTURA DE GAIA
A 19 de Maio, a limousine amarela parou junto à Casa Barbot.
Ponto de partida: «um incêndio pode ser belo»?
- Sim, porque é atraente a nível estético (Daniel);
Pergunta: é possível separar estética de ética? (Alexandre);

- Sim, um incêndio pode ser belo porque tem uma utilidade social (Carlos)
- Podemos dizer que tem apenas uma utilidade, pois o Beo pode ser útil noutros sentidos que não o “social”. (Luís)

- Sim, porque (hipoteticamente) é possível que a sociedade nos permita achar um incêndio belo (Gabriela);
Nota: O incêndio é belo e “fim de papo”. (Daniel) – o grupo encetou aqui uma curta reflexão em torno do significado do termo “fim de papo” e da sua pertinência numa discussão filosófica..

- Não, porque não dissocio as consequências do espectáculo (Maria de Jesus);

- Sim, porque a beleza está na sua essência (Chantal);
- Não, porque existe pelo menos uma pessoa para a qual este incêndio não é belo (Paulo);

Como definir beleza?
- Atraente (6 pessoas);
- Útil (1 pessoa);
- Construção Social (4 pessoas);
- Agradável (4 pessoas);
- Natural (1 pessoa);
- Consensual (1 pessoa).

Antes da meia-noite, fomos de encontro à noite.
«Espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais belo do que eu?» insistia a imagem reflectida.
Enquanto desfilavam pixeis de respostas, a Cinderela trincava uma maçã perfeita na sua forma vermelha.

80º CAFÉ FILOSÓFICO | 29 DE MAIO | CLUBE LITERÁRIO DO PORTO
A 29 de Maio, de novo a limousine amarela que parou, algo distante, do Clube Literário do Porto.
Ponto de partida: o rosto de Vénus, num fragmento da obra do seu nascimento da autoria de Botticelli. O que há de belo nesta imagem?

- Belo é o que nos toca no sentido subjectivo (Miguel);
Nota: tensão entre beleza universal e subjectiva;

- Beleza reside no sujeito e não no objecto. A beleza existe enquanto ideia de beleza. (Joana)

- O belo tem equilíbrio (Maria Manuel);

Pergunta: O bonito e o belo são sinónimos?

- A beleza está na harmonia (Zé Rui);

- A beleza está retratada na obra (Tiago);
Pergunta: O que explica a universalidade do conceito de beleza?

- Beleza é ausência de impureza, é equilíbrio (Daniel);
- Beleza é uma tendência à perfeição (Maria);
- Beleza é sentir-se bem, um despertar de sensações.

Pergunta: A beleza é subjectiva ou cultural?
- A beleza é objectiva (Zé Rui);

- A apreciação de beleza é subjectiva e a beleza é objectiva (Ricardo);
Síntese dos conceitos abordados: Beleza intelectual e sensitiva: harmonia, pureza, serenidade, equilíbrio, enigma, faceta maternal.

Embora deixasse de «levar e trazer», Joaquina Constança, conhecida como a “bisbilhoteira”, faz a sua aparição na sala. 
(Projecção de um quadro de Maria Amélia Carneiro retratando a cabeça de uma velha. O objectivo foi contrastar a Beleza da Bisbilhoteira com a Beleza da Vénus de Botticelli e, dessa forma, pensarmos sobre a diversidade do conceito de Beleza).

Justino vê beleza nesta imagem da "velha". Miguel faz um «mea culpa» ao reconhecer que «Belo» e «Bonito» não são a mesma coisa.

- Este retrato é mais belo que o anterior porque é mais natural (Ricardo);
- No outro quadro (Vénus de Botticelli), a beleza estava divinizada. Neste não vejo beleza, apenas ternura (Joana);

Pergunta: O que há de comum entre as duas imagens?

- Memórias (Jorge);
- Intenção dos autores em provocar em nós sensações (Justino);
- Adequação entre forma e conteúdo (Tiago);

Pergunta final: O que é a beleza?
- Beleza é Equilíbrio (Daniel);
- É a aplicação de fórmulas matemáticas com harmonia (Zé Rui);
- Um Mito (Jorge);
- Beleza = Equilíbrio + Harmonia + Paz (Miguel);
- Um Ideal abstracto concretizado pelo sujeito (Joana);
- A aplicação final da racionalidade e sensibilidade estéticas (Ricardo);
- Ressonância positiva que leva a uma necessidade de contemplação (Paulo);
- Fertilidade ou esterilidade (Chantal);
- Sensibilidade sublimada (Tiago).

Cansado de esperar por uma resposta, Cyrano despede-se do espelho disforme.
O Belo e a Consolação...

Chantal G.

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