domingo, 10 de outubro de 2010

DIÁLOGO SOCRÁTICO _O QUE É A SOLIDARIEDADE?


Esta sessão de Café Filosófico (o 45º) consistiu num Diálogo Socrático em torno do conceito de "Solidariedade".

Como costuma acontecer neste tipo de diálogos o sentimento geral no fim da sessão foi de satisfação pelo maior conhecimento conseguido relativamente ao conceito aprofundado, mas ao mesmo tempo de frustração por não se conseguir ir mais longe, seja por falta de tempo, por incapacidade dos participantes em atingir consenso ou limitação cognitiva nossa face à dimensão e profundidade dos conceitos abordados.

Agradeço mais uma vez à Chantal as notas da sessão que aqui publico assim como ao José Rui por continuar a registar estes momentos filosóficos em excelentes fotografias que têm marcado o estilo destes Cafés Filosóficos.


O que é a Solidariedade?


Numa primeira fase, cada participante pensou num episódio real em que se tivesse registado solidariedade:

- O Daniel falou-nos de um carro que o deixou passar apesar do semáforo estar verde para o carro.

- A Catarina descreveu um episódio de uma pessoa com dificuldade motora que lhe pediu uma informação.

- A Raquel serviu de testemunha a uma colega perante um caso de injustiça.

- A Chantal relatou-nos o encetar de uma conversa com alguém que pelo olhar a pedia.

- O Zé Rui falou-nos no conforto que os amigos lhe deram na perda de um familiar querido.

- A Cândida e o Dkiogo relataram-nos experiências de voluntariado.

- O Paulo falou-nos de conversas telefónicas que mantinha com um Poeta que desconhecia pessoalmente.
- O João Pedro identificou a solidariedade no apoio que deu a um amigo..


Por votação, o grupo escolheu para o debate os episódios da Chantal e da Raquel.

1º Episódio

"Em Matosinhos, vi o Zé (um desconhecido) sentado, com o seu saco, à espera de uma conversa. Aproximei-me, perguntei se me podia sentar e começamos a conversar." (Chantal).

Cada participante escolheu o acto que, neste episódio, caracteriza melhor a Solidariedade:
Para o João Pedro e Chantal a solidariedade encontra-se no ver. Já para o Daniel esse momento solidário está no aproximar. Para o Zé Rui, o Diogo e o Tiago foi ao perguntar se se podia pensar que a Chantal foi solidária. Já a Cândida elegeu o conversar.

O grupo escolheu o acto de perguntar a partir do qual se procurou dar uma definição para «Solidariedade» num movimento conhecido como "abstração regressiva", a partir do concreto (um episódio) procurar uma definição abstracta.

A primeira definição atingida foi a seguinte:

Solidariedade é a disponibilidade para estar ao lado do outro com respeito e humildade.

Foi com muito esforço que chegámos a esta nossa primeira "definição universal de solidariedade", mas o grupo ainda tinha vontade em continuar pelo que partimos para o segundo episódio com o objectivo de verificar se a nossa definição inicial resistiria ao embate com outro caso concreto.


2º Episódio
"Perante um acto de injustiça (erro numa classificação de um professos por parte de uma escola que se desresponsabilizou do seu acto), disponibilizei-me para servir de testemunha de uma amiga." (Raquel)

Este segundo episódio permitiu ao grupo evoluir na sua análise e aperfeiçoar um pouco a definição anterior:

Solidariedade é o acto de se disponibilizar para estar com o outro com respeito (e humildade).

nota: como costuma acontecer num bom Diálogo Socrático percebemos que ainda precisaríamos de muitas mais horas para atingirmos uma definição de solidariedade que agradasse a todos, no entanto, por falta de tempo, tivemos de dar por terminada a sessão com um misto de satisfação pelo resultado alcançado e frustração perante a humildade desse mesmo resultado face ao que todos temos consciência que poderíamos atingir se continuassemos a pensar intensamente e em grupo sobre esta questão.
Julgo que ficou bem claro para todos as potencialidades filosóficas (e humanas) de um Diálogo Socrático.

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