Sessão de Filosofia com Crianças (12_14 anos) na Universidade Júnior do Porto (2010)
Aula 14 – 15 de Julho (Turma 1C – 3ª semana)
Duração: 6 horas
Exercícios : “Pensar o impensável”, "Pensar Criticamente" (manhã), "Debate Filosófico" (tarde)
Exercício 1 - Pensar o impensável (estrutura do exercício)
1) Os alunos pensam numa frase que acreditem ser “absolutamente verdadeira" (irrefutável, portanto).
2) Lêem-se todas as frases.
3) Escolha de uma frase que a maioria considera poder ser refutada.
4) Debate (análise e avaliação dos argumentos e sua categorização).
5) Escolha de uma frase que a maioria considera ser irrefutável.
6) Debate (análise e avaliação dos argumentos e sua categorização).
Objectivos
1 - Elasticizar conceitos e crenças.
2 - Alargar pontos de vista.
3 - Aprender com ou outro (criticar, ser criticado, construir a partir das críticas).
4 - Aprender a sintetizar e classificar argumentos.
Verdade 1 –"Deus morreu." (Jóni)
Crítica 1 – “Ninguém tem provas disso.” (Inês)
[A turma classificou esta crítica de “Provismo”, pois apela à inexistência de provas.]*
Crítica 2 – “Deus ou é eterno ou nunca existiu, logo não pode morrer ou ter morrido." (Paulo Ricardo)
[Esta crítica foi classificada de “Idealismo” uma vez que “não critica através de provas e factos ou falta deles, mas através de ideias.]
Crítica 3 – “Deus é tudo. Se ele morreu nós também estaríamos mortos.” (Mathew)
[Este foi considerado pela turma um argumento lógico e classificado sob o nome de “logismo”.]
Exercício 2 – Debate Filosófico
Objectivos
1 - Praticar num debate de ideias real as competências de raciocínio aprendidas de manhã.
2 - Aprender a ouvir os outros.
3 - Aprender a esperar pela sua vez para falar (gerir a impulsividade).
4 - Compreender a importância de separar o essencial do acessório num debate de ideias.
5 - Construir ideias novas a partir de ideias dos outros.
6 - Problematizar as ideias e argumentos dos outros.
Pergunta Inicial: “Podemos viver sem regras?”(Paulo Ricardo)
- “Sim, a tecnologia permitir-nos-á um dia viver sem regras sociais.” (Pedro Xavier)
- “Mas isso é apenas trocar umas regras por outras.”
- “Sim, mesmo que a tecnologia permita um dia acabar com as regras sociais vamos sempre ter regras mesmo que sejam regras impostas por nós próprios a nós próprios.”
- “Os animais seguem regras?” (Paulo)
- “Não, porque os animais não sabem o que são regras.” (Pedro)
- “Mas mesmo sem saber eles seguem regras. Por exemplo, os gatos fazem xixi na areia.” (Joana)
- “Mas essas são as nossas regras, não as regras dos gatos.” (Teresa)
- “Como é que sabes que os animais não têm regras?” (Gisela)
- “Porque eles não têm sentimentos, apenas querem sobreviver.” (Teresa)
- “Não concordo, os animais têm sentimentos, por isso seguem regras.” (Gisela)
- “Não percebo o que têm a haver os sentimentos com o seguir regras.” (Pedro)
“Quem deve fazer as regras?” (Paulo)
- “Cada um deve fazer as suas próprias regras.”
- “As leis devem ser feitas e votadas por todos.”
- “As leis devem ser feitas e votadas por todos, mas cada um deve seguir as que sentir que deve seguir.” **
- “Mas isso seria uma anarquia…” ***
Notas
* este exercício de nomear os argumentos que vão surgindo é uma excelente (e divertida) forma de obrigar os alunos a “apanharem” o essencial de um determinado argumento num só conceito. Desta forma estamos a trabalhar competências cognitivas tão importantes quanto a conceptualização, a classificação, a categorização, a síntese e a imaginação.
** ver objectivo 5
*** ver objectivo 6
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