Cafés Filosóficos - Uma pausa para pensar, 2ª feiras de Outubro às 21:30
O objectivo do Café Filosófico de hoje (5 de Outubro de 2009) foi praticar um pouco aquele que considero ser o primeiro passo (e o fundamento) de qualquer investigação filósófica, a problematização. Por problematização entendo a nossa capacidade para encontrar, desenvolver e aprofundar ideias e conceitos.
1º Conceito - Suporte
A partir de uma curta conversa inicial surgiu um primeiro conceito que resolvemos problematizar: o conceito de suporte - alguém que se vê como um suporte para outros.
No sentido de aprofundar a nossa compreensão deste conceito começámos por procurar alguns aspectos negativos na ideia de suporte. Encontrámos o desgaste que ser um suporte provoca; a imobilidade inerente a um suporte; a restrição, a estagnação e a prisão que também lhe podem estar associados.
Depois discutimos alguns aspectos positivos:
encontrámos a companhia que está associada ao facto de sermos o suporte de alguém, a estabilidade como requisito de qualquer bom suporte; a auto-estima que ser um suporte nos pode provocar; a relação de simbiose que por vezes um suporte consegue com aquilo que suporta.
Com esta discussão pretendeu-se "abrir" o conceito de suporte às suas várias possíbilidades, muitas vezes desconhecidas até as procurarmos "filosoficamente".
Procurámos então materializar esta discussão numa pergunta que nos permitisse lidar com o problema (ou parte dele) de forma argumentada:
- Até que ponto quem suporta é livre?
2º Conceito - Reactividade
Discutimos ainda o conceito de reactividade, relativamente a alguém que se considera mais reactivo que proactivo. Encontrámos as ideias de imprevisibilidade, manipulação, frustração, impotência e desresponsabilização na parte dos aspectos negativos, e as ideias de rapidez, ordem, estabilidade e eficiência enquanto factores de libertação do homem nos aspectos positivos de se ser reactivo.
Falámos também da ideia de reactividade como condição para a proactividade, a partir da ideia de que aquilo que fazemos de forma mais reactiva, instintiva e não consciente (guiar um carro, evitar um perigo eminente, etc.) nos cria um certo espaço de liberdade para desenvolvermos formas de interacção proactivas com o mundo e com os outros.
Por esta altura andou-se um pouco em volta da ideia de que uma constante reactividade anula-nos enquanto seres humanos, mas por sua vez uma constante proactividade aniquila-nos.
A pergunta que saiu desta discussão foi a seguinte:
- Até que ponto a reactividade desresponsabiliza?
Deixámos a discussão e o aprofundamento destas questões para outra sessão uma vez que aqui o que nos interessava era mostrar que de qualquer tipo de assunto ou ideia pode surgir uma interessante e profícua discussão filosófica.
Deixar perguntas por discutir é uma política que sigo em quase todos os Cafés Filosóficos. Faz com que as pessoas voltem para as discutir outra vez...
4 comentários:
...fiquei a pensar na pergunta que foi posta, " até que ponto a reactividade desresponsabiliza? " e ocorre-me pensar no conceito de actividade e como a actividade, essa sim responsabiliza enquanto a reactividade pode desresponsabilizar supondo que se chegue a um desgaste provocado por uma má gestão das emoções...
olá Ana! Esta sua intervenção ter-nos-ia dado bastante jeito no Café Filosófico :)
Quando nos visita?
Tomás
Passem-se cá para baixo, Lisboa tem falta de espaços de partilha reflexiva assim, só o Institut Franco-Portugais é que mantém acesa esta ideia, em tons um pouco esporádicos...
olá Amandio,
teríamos todo o gosto em "ir aí para baixo", mas em termos logísticos julgo ser mais fácil "vir cá a cima" :)
Quando tiver disponibilidade será muito bem vindo.
cumprimentos,
Tomás
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