terça-feira, 30 de junho de 2009

Jovens Filósofos na Universidade Júnior


Oficina Jovens Filósofos
29 de Julho a 24 de Julho
Universidade do Porto / Universidade Júnior


Aula 2 (14 alunos)

Graças a esta iniciativa da Universidade do Porto (Universidade Júnior) até ao fim do mês de Julho vou voltar a ter a oportunidade de fazer filosofia com cerca de 300 alunos, ao ritmo de uma turma de 15 alunos por dia.

Aqui estão algumas notas que tirei da sessão de hoje:


Exercício: "Perguntar-se mutuamente"
Descrição: Sobre uma pergunta inicial (Somos livres?; O que nos leva a agir?, etc.) escolhia-se uma resposta/hipótese de um dos alunos. A essa resposta todos os alunos faziam uma nova pergunta. O autor da resposta escolhia uma das perguntas ("aquela que considerasse mais pertinente") e procurava responder. A partir daqui iniciava-se o debate.

Pergunta inicial: "Somos livres?

(diálogo entre o Daniel de 13 anos, o Gonçalo de 12 e a Sofia de 12)
- "Não sou livre porque mandam em mim." (Daniel)
- "Tens capacidade para ser livre?"(Gonçalo)
- "Sim, quando arranjar um emprego serei livre." (Daniel)
- "Mesmo nessa altura não seremos livres. Tornamo-nos independentes*, mas nunca somos totalmente livres." (Sofia)

*Aqui a Sofia recorreu (sem saber) a uma técnica de investigação filosófica bastante complexa, introduziu na discussão um conceito novo (o conceito de independência) que permitiu analisar melhor as diferentes nuances da questão da liberdade

Outras intervenções:

(excertos)
- "Sim, somos livres porque podemos fazer o que nos apetece apesar das consequências" (Simão, 12 anos)

- "Sim, porque podemos sempre pensar que somos livres." (Diogo, 13 anos)
- "Não basta pensar para se ser livre. Não sou rica porque penso que sou rica.* (Rita, 13 anos)

* Recurso à analogia como instrumento de investigação filosófica. Ao mesmo tempo está a testar os limites da tese do Diogo.

- "Não, as regras sociais e legais impedem-nos de fazer o que queremos." (Vitor Hugo, 13 anos)

- "Não somos livres. Nós mesmos somos um obstáculo à nossa liberdade." (João, 12 anos)

- "Não somos livres porque não conseguimos fazer tudo o que queremos." (Rafael, 13 anos)

Segunda Questão: "Somos livres de dizer o que queremos?"

(diálogo entre o Diogo, a Rita e o Joaquim)
- "Não, há ideias que não devemos expressar em público." (Diogo)
- "Mas, se exprimimos as ideias positivas, por que é que não podemos exprimir as negativas?" (Rita)
- "Há certas coisas que não devemos dizer porque podemos magoar os outros, e podemos magoar-nos a nós também, perdendo amigos." (Diogo)
- "Mas mesmo assim podes dizer o que quiseres, por isso és livre para dizer o que pensas. Depois sofres é as consequências..." (Joaquim, 12 anos)

Terceira Questão: "O que nos leva a agir?"

(excertos)
- "As opiniões dos outros não me influenciam." (Rita A. 12 anos)
- "Então como é que és influenciada?" (Gonçalo)

Quarta Questão: "Por quê agir bem?"

(excertos)
- "Não ajudo os outros para ser recompensada." (Rita A.)
- "Não vês motivos para seres recompensada." (Rafael)


Objectivos deste exercício:
aprofundar perguntas filosóficas;
elaborar ideias;
problematizar;
ouvir os outros;
estabelecer relações lógicas entre perguntas e respostas;
perceber a sua pertinência;
analisar e descobrir conceitos novos;
sintetizar os resultados obtidos.

E o mês ainda está no início...

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