quarta-feira, 13 de maio de 2009

Jovens Filósofos - Aula 22

Sessão com grupo de alunos da Studiosus (10-12 anos)
- continuação da aula 21-

"O que é a independência?"

Estrutura da Aula

1) Cada aluno dá um exemplo pessoal onde reconhece “independência”.

“Senti-me independente quando fui pela primeira vez sozinha à padaria.” (Catarina)

“Senti-me independente quando numa aula de filosofia toda a gente mudou de opinião menos eu” (Luis)

“Senti-me independente no dia em que criei a minha empresa de cigarros “Morgas”. (João)

“Fui independente quando, com três anos, os meus pais deixaram-me sozinho na praia e eu encontrei-os sem a ajuda de ninguém.” (Zé Pedro)

“Senti-me independente quando fui almoçar sozinho com os meus amigos.” (Guilherme)

O grupo escolheu o exemplo do Zé Pedro para analisar:

“Fui independente quando, com três anos, os meus pais deixaram-me sozinho na praia e eu encontrei-os sem a ajuda de ninguém.”


2) Hipóteses de definições que se adequem ao exemplo dado.

“Ser independente é estar sozinho mas, mesmo assim, não se deixar levar pelo medo e arranjar uma solução.” (Catarina)

Somos independentes quando fazemos 18 anos e ficamos independentes,” (Luis)

“Ser independente é fazer alguma coisa por si mesmo e não pelos outros.” (Guilherme)

“Ser independente é agir sem precisar da ajuda de alguém ou com alguém” (Zé Pedro)

“Ser independente é enfrentar obstáculos e fazer aquilo que tem de ser feito. (João)


3) Escolha de uma definição com a qual não concordam.
Escolheu-se a definição do Luis:
Somos independentes quando fazemos 18 anos e ficamos independentes,” (Luis)

Razões para a escolha:

“Não se adequa ao exemplo do Zé Pedro.” (João)

Há crianças independentes.” (Catarina)

“Não é esse tipo de independência que procuramos.” (Guilherme)

Eu não tinha 18 anos qd fiquei sozinho e nesse dia fui independente.” (Zé Pedro)


4) Escolha de uma definição com a qual concordam e sobre a qual iremos trabalhar.
Escolheu-se a da Catarina.

“Ser independente é estar sozinho mas, mesmo assim, não se deixar levar pelo medo e arranjar uma solução.”


5) Objecções à definição:

“Não é preciso sentir medo para sermos independentes.” (João)

“Também não é preciso estarmos sozinhos para sermos independentes.” (Guilherme)

Concluiu-se que o essencial da definição estava no final, na referência à solução.


6) Nova ronda de definições-hipóteses tendo em conta esta descoberta

As duas escolhidas foram:

“Ser independente é arranjar uma solução para um problema que se tem.”
(Catarina)

“Ser independente é arranjar uma solução para um problema de dependência.” (João)


7) Clarificação de posições.

Tentou-se perceber qual a diferença entre as duas definições e concluiu-se que uma era mais geral (Catarina) e outra mais específica (João).
Deixou-se que cada um argumentasse em favor da sua posição, mas que também visse o que há de bom na outra posição:
“O que há de bom em ser-se geral?”;
“O que há de bom em ser-se específico?”


8) Escolha da definição provisória com que terminámos a sessão.

Ser independente é arranjar uma solução para um problema que se tem.”

Próximas aulas:

Confrontar esta definição com os outros exemplos de “acções independentes” avançados no início da aula e verificar se a definição provisória “aguenta”, se tem de ser alterada ou abandonada.

Acima de tudo vamos "Continuar a Pensar!"


Competências exercitadas nesta sessão:

- Problematização de experiências pessoais
- Conceptualização dessas experiências (do pensamento particular para o universal).
- Descentralização do argumento (sair de “mim mesmo”, aprender a ouvir os outros e ouvir-nos a nós como “um dos outros”).
- Justificação, com boas razões, das nossas ideias e argumentos.
- Tomada de decisões por consenso (reconhecimento da importância do diálogo racional e da correcção mútua).

Quanto ao conteúdo da sessão, os alunos parecem ter percebido a dimensão responsável e pessoal do conceito de independência, por oposição à dimensão social e “legal” da maioridade. Veja-se como a definição “Somos independentes quando fazemos 18 anos” foi prontamente rejeitada pela turma.

1 comentário:

renata serra disse...

Fantástico Tomás, como eu sempre soube!

Beijinhos