terça-feira, 3 de janeiro de 2012

103º Café Filosófico - O Bem existe?




«Se vou a um talho, acho sempre surpreendente não estar ali eu em vez do animal» (Francis Bacon).

Não sei se é por isso que não entro em talhos. O cheiro a carne esticada, imagino-o.

«Não há dúvida de que somos carniça, somos carcaças em potência» (Francis Bacon).

Deve ser por isso que imagino contornos desossados.
A que (des)propósito vem tudo isto?
Da memória de uma comparação do Tomás durante o último CF. O flipchart parecia ensanguentado com tinta apagada aos desmaios.
Naquele instante, senti que o negro do marcador derramava afinal fluxos cor de cereja.
Uma fruta que trinco sem pensar em larvas. Elas não perderam tempo. Formaram filamentos na massa cinzenta que tomaram por residência. Uma linda touca coberta de cabelos.
O último CF ajudou-me, uma vez mais, a pentear ideias. Sempre que tiro a repa dos olhos apercebo-me que a touca continua lá. Porquê gostar de cerejas?
Para poder depois contrariar o império da opinião com clarezabrevidadepertinência e argumentação.
Mais importante do que encontrar uma resposta para a pergunta «O bem existe?», saboreei pensamento crítico.
E se os talhos passassem a vender cerejas?

Texto e selecção de imagem Chantal Guilhonato

1 comentário:

Anónimo disse...

ele tem razão, é verdade que muitas pessoas gostam de comer Bacon