domingo, 28 de novembro de 2010

52º CAFÉ FILOSÓFICO_2 anos


A questão que orientou o diálogo de hoje no Clube Literário do Porto foi-me colocada por uma amiga “Jovem Filósofa” a Carolina Valadas.

Neste dia em que assinalámos o segundo aniversário do Café Filosófico andámos cerca de duas horas a tentar saber
Como sei que estou a ser eu próprio?

Agradeço a todos os meus amigos filósofos que me têm acompanhado nos últimos dois anos nestas muitas horas de conversa filosófica. Vocês têem-me enriquecido enormemente.
É de notar o crescente número de pessoas que têm aparecido nestes Cafés Filosóficos o que só vem provar aquilo que eu suspeitava quando dei início a estas sessões há dois anos atrás: o ser humano tem uma apetência enorme para dialogar com o seu semelhante assim como uma vontade muito grande em questionar e encarar de frente as grande questões fundamentais da existência. Ou seja, o sucesso destes Cafés Filosóficos só é possível pois a vontade e a apetência para a Filosofia já está de forma natural em todos nós, sendo apenas necessário despertar esse interesse e criar as condições para que se materialize em pensamentos filosóficos reais. O Café Filosófico é apenas uma forma entre muitas cultivar a filosofia, que não é mais que cultivar a nossa humanidade.


Em baixo seguem as notas retiradas na sessão pela nossa amiga Chantal, que nos acompanha desde o 1º Café Filosófico. Aqui e  aqui têm dois pequenos vídeos feitos pela Maria José Veiga durante a sessão de hoje.

Abraços!

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De modo a dar início à sessão, os participantes escolheram uma das duas perguntas apresentadas:


- Como sei que estou a ser eu próprio?

- A filosofia é subjectiva?


O grupo escolheu a pergunta «Como sei que estou a ser eu próprio», da autoria de uma aluna de 13 anos do Tomás.


Depois de uma «almofada de reflexão» de um minuto, os participantes lançaram as primeiras pistas:


- Através de uma reflexão profunda e instantânea (António);

- Quando sou igual ao mito que criei de mim (Jorge);

O conceito de «mito» foi refutado pela Maria que considera que o mesmo não é genuíno dado tratar-se de uma construção.

O Jorge contrapôs que o «eu próprio» está em constante mutação.

- Quando sou igual à verdade do mito que criei de mim (Irina).

A Cristina interrogou-se se todos criamos um mito acerca de nós?
- Quando sou igual à parte realista do mito que criei de mim (Simone);
- Quando sou igual às minhas aspirações (Tiago).

Esta resposta foi depois complementada pela definição das aspirações «realistas».

- Conceito de «Eu Próprio» tem inerente as dimensões de Individualidade, Personalidade e Identidade. Eu sou aquilo a que me oponho (Paulo);

- Pegando num ideal de 68, «Sê realista. Pede o impossível». Logo, quando sou igual às minhas aspirações irrealista (Paulo II);

- Clarificação de «Estou a ser eu próprio vs ser eu próprio». Assim, quando ajo de acordo com aquilo em que acredito (Henrique);

- Quando estamos a vivenciar o presente. O aqui e agora. (Cristina);

- Quando entendo e aceito a maneira em que aji (Lurdes);

- Quando questiono a maneira em que aji (Maria);

- Quando sinto o eu próprio (Maria Manuel);

- Através da observação da minha prática (Irina);

- Através da consciência da minha prática (Cristina);

- Quando conseguimos contrariar-nos (Zé Rui);

- Quando sei que estou a ser genuína (Claúdia).

Notas finais:

Sessão com um número elevado de participantes.

Um agradecimento à menina (Carolina) que esteve na génese desta tarde filosófica.

Uma sugestão de filme: A infância de Ivan.


Uma lembrança de Neruda «Sê».
 
Chantal Guilhonato

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