terça-feira, 27 de abril de 2010

QUANDO É QUE A FUGA É UMA FRAQUEZA?

Diálogo Socrático: A partir de experiências pessoais concretas procurámos (ao longo de 9 horas/3 sessões) uma resposta à pergunta inicial: Quando é que a fuga é uma fraqueza?


Primeiro Experiência: "Regressava à noite a casa e suspeitei que um carro me seguia. Acelerei e virei sem dar sinal confirmando que me seguia. Senti medo, telefonei ao meu marido para abrir o portão e entrei em casa."

Resposta Inicial: "A fuga é uma fraqueza quando se é incapaz de resolver autonomamente um problema e se recorre a outrém."

- Confrontando a primeira resposta atingida pelo grupo com duas outras experiências relatadas pelos participantes fomos melhorando a resposta inicial:

Segunda Resposta: "A fuga é uma fraqueza quando por medo nos sentimos incapazes de resolver um problema autonomamente e recorremos a alternativas."

- Para esta resposta incluimos o medo que estava presente nos dois outros exemplos analisados e trocámos o "outrém" por "alternativas" que é um conceito mais abrangente.

Quarta Experiência: "Perante um comentário de índole religiosa provocatório, sorri para não desencadear um confronto de personalidades e credos e mudei de assunto."

- O grupo considerou que a segunda resposta se adequava também a este exemplo sendo que o "sorrir para não desencadear um confronto" denota a incapacidade para resolver o problema e o ter "mudado de assunto" o recurso a alternativas.  
No entanto retirámos o termo "autonomamente" por ser redundante pelo que ficámos com a seguinte resposta:

Terceira Resposta: "A fuga é uma fraqueza quando por medo nos sentimos incapazes de resolver um problema autonomamente e recorremos a alternativas."

- Num esforço adicional para clarificar e abreviar a nossa resposta o grupo atingiu a seguinte formulação:
 
Quarta Resposta: "A fuga é uma fraqueza quando por medo não enfrentamos um problema."

Na terceira sessão de Diálogo Socrático confrontámos a nossa resposta com um exemplo de alguém que deixava de estar com os amigos por causa de um vício com jogos de computador.
Identificamos o vício do jogo ao mesmo tempo com uma fuga e uma fraqueza.

Além disso identificámos um elemento que nos tinha escapado nos outros exemplos relatados, o de que para haver fraqueza da parte de quem foge tem de existir uma tomada de consciência de que não se foi capaz de lidar com o problema. Assim alteramos a nossa resposta para:

Quinta Resposta: "A fuga é uma fraqueza quando por algum motivo não enfrentamos um problema conscientes de que o deveríamos fazer."

Por fim procurámos pôr à prova esta resposta com exemplos hipotéticos de fugas que representariam fraqueza. Para isso imaginámos uma situação de uma pessoa que vê alguém a afogar-se e decide não a salvar simplesmente porque não gosta dela. Neste caso há, ao mesmo tempo, um evitar de uma situação arriscada (fuga) e um motivo éticamente reprovável para essa fuga (uma fraqueza moral).
O grupo decidiu que a nossa resposta suporta esta (e outras) tentativas de refutação, pelo que terminámos este Diálogo Socrático satisfeitos com a resposta alcançada no início desta 3ª sessão:

"A fuga é uma fraqueza quando por algum motivo não enfrentamos um problema conscientes de que o deveríamos fazer."


nota: é importante sublinhar que a simplicidade desta resposta só foi atingida ao cabo de 9 horas de muito intensa discussão filosófica. Uma prova de que essa simplicidade só se conquista com suor.


Fim

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